A Modelagem nas Aulas de Estatística

De acordo com as práticas descritas em Brasil (1998), uma boa estratégia para o desenvolvimento das competências estatísticas iniciaria com um tema motivador, de interesse e previamente discutido na turma em questão. Sobre o tema, em grupos, se propõe a elaboração de uma pesquisa, dando início a construção das noções de estatísticas a partir da análise dos dados coletados pelos próprios alunos. O uso de projetos em sala de aula não só busca unir os objetivos de ensino em contexto da vida do aluno, como também gera uma oportunidade de autonomia de aprendizado.
            Os fundamentos teóricos do objetivo da Educação Estatística no ensino médio nos instigam a trabalhar em sala de aula com projetos que explorem situações problemas que provêm do mundo real, cuja análise nos possibilita reflexão, conscientização, discussão e validação. Este tipo de abordagem que procura aproximar o ensino de Estatística de forma mais significativa ao aluno trata-se da Modelagem Matemática.


[...] a Modelagem, percebida como um estudo matemático acerca de um problema não essencialmente matemático, que envolve a formulação de hipóteses e simplificações adequadas na criação de modelos matemáticos para analisar o problema em estudo, pode ser vista como uma alternativa para inserir aplicações da Matemática no currículo escolar sem, no entanto, alterar as formalidades inerentes ao ensino. (ALMEIDA; DIAS, 2004 p.21).


A modelagem permite inserir nas aulas temas de interesse do aluno, aproximando as aulas da sua realidade. O intuito é fazer com que estes dados tenham significados, e o envolvimento propicie uma maior disponibilidade do aluno em desenvolver os conceitos propostos.

O trabalho com projetos faz com que a sala de aula se torne um ambiente que foi definido por Skovsmose como “cenário para investigação”, ou seja, um ambiente que pode dar suporte a um trabalho de investigação.


Um cenário para investigação é aquele que convida os alunos a formularem questões e procurarem explicações. [...] Dessa forma, os alunos se envolvem no processo de exploração. O “Por que isto [...]?” do professor representa um desafio e os “Sim, por que isto ... T” dos alunos indica que eles estão encarando o desafio e que estão procurando explicações. Quando os alunos assumem o processo de exploração e explicação, o cenário para investigação passa a constituir um novo ambiente de aprendizagem. (SKOVSMOSE, 2000, p.6)


Este envolvimento do aluno no projeto favorece a compreensão das análises estatísticas. Conhecer a origem dos dados, entender a problematização proposta e despertar a necessidade de coleta de dados para testar as hipóteses, facilita a compreensão e chama a atenção para a importância e limitações que a estatística possui na interpretação das possíveis respostas passando a considerar as aleatoriedades e as variações.


Dar aos estudantes a oportunidade de produzir os próprios dados e encontrar os resultados básicos ajuda-os a tomar as rédeas do seu próprio aprendizado. Também promove a habilidade de assumir a responsabilidade de resolver seus problemas, como eles terão que fazer em seu ambiente de trabalho. (CAMPOS; WODEWOTZKI; JACOBINI, 2013; p. 25)


A modelagem do ensino apresenta uma oportunidade para os alunos mobilizarem diversos tipos de conhecimentos em questões relevantes em seu momento de vida. Permite perceber implicações que poderiam passar despercebidas para muitas pessoa
Com os dois objetivos em mente, o de desenvolver as competências para o pensamento estatístico e o de produzir um conhecimento contextualizado no mundo real, é que se propõe que a sala de aula se torne um ambiente que estimule práticas investigativas de aprendizagem, com base em situações concretas e de cunho significativo, incentivando a discussão e a análise crítica da realidade.

autoras: Eveline Silva
Diva Valério Novaes

Referências

ALMEIDA, Lourdes Maria Werle de; DIAS, Michele Regiane. Um estudo sobre o uso da modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem. Bolema, Rio Claro, ano 17, n. 22, p. 19-35, 2004

CAMPOS, Celso Ribeiro; WODEWOTZKI, Maria Lucia Lorenzetti; JACOBINI, Otávio Roberto. Educação Estatística: teoria e prática em ambientes de modelagem matemática. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2013. 143 p. (Coleção Tendências em Educação Matemática).

SKOVSMOSE, Ole. Cenários para investigação. Bolema, Rio Claro, v. 1, n. 14, p.66-91, jan. 2000.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Pensamento Estatístico

Uma Abordagem Transdisciplinar entre a Educação Estatística e a Educação Socioemocional

Como Desenvolver a Educação Socioemocinal na Escola: algumas possibilidades.