Como Desenvolver a Educação Socioemocinal na Escola: algumas possibilidades.

Atualmente muitas são as discussões sobre a necessidade de incluir, no plano pedagógico das escolas de Educação Básica, o desenvolvimento de competências relativas a outros fatores inerentes à condição humana  além das questões das ciências e tecnologias que já estão priorizadas dentro do currículo escolar. Competências que visem auxiliar o desenvolvimento desse cidadão em  formação. Favorecer a convivência social, buscando melhorar as relações interpessoais e o trabalho em equipe. Favorecer a auto aceitação, o auto conhecimento e a melhorar o convívio com as diferenças. Fornecer um ambiente em que o aluno seja incentivado a desenvolver a criatividade e a tomar decisões. É sobre este tipo de formação que estamos nos referimos quando falamos sobre Educação Socioemocional (ES) nas escolas.


No Brasil, e em todo mundo, várias instituições já estão falando sobre esta necessidade. Um dos fatores que motiva esta discussão mundial é a globalização. Para que ocorra a integração entre as diferentes culturas, é de extrema importância aprender a aceitar e lidar com as diferenças. Mas não precisamos ir tão distante da realidade de nossos alunos para justificar a inclusão da ES nas escolas. Casos de 
bullying, violência entre professores, alunos e a comidade escolar tão comuns no dia a dia das escolas, também nos convida a refletir sobre a discussão de valores comuns dentro do ambiente escolar.  Além das questões relacionadas a violência, devemos nos atentar a velocidade com que a sociedade atual tem vem se modificando. O mundo profissional em consequência dessa sociedade mutante busca se adaptar a essas mudanças e profissões atuais podem não ser mais necessárias num futuro próximo. E é a atenção às novas necessidades em conjunto com a criatividade é que faz surgir novos espaços para atuação profissional. E é para estes cenários que a escola deve preparar o aluno.

Muitas instituições pesquisam sobre a ES nas escolas, e através dessas pesquisas confirmam que as competências referidas à ES podem ser desenvolvidas no ambiente escolar, mas cada grupo de professores é que conhece a realidade de suas escolas. Neste cenário de constante mudanças, mais do que nunca existe a necessidade da formação do professor que precisa lidar com todas essas novas questões  e esta formação deve ser contínua e adaptativa a sua realidade. 

Como o desafio é grande, para auxiliar neste processo, existem algumas abordagens que já foram estudadas e são sugeridas para desenvolver a ES na escola. Este artigo toma como referência algumas abordagens propostas pelo CASEL. O Colaborativo para a Aprendizagem Acadêmica, Social e Emocional (CASEL), é uma organização formada em 1994 com o objetivo de estabelecer uma aprendizagem socioemocional baseada em evidências. Diante de muitos estudos e observações, o CASEL sugere que as atividades que promovem a ES pode ser de modo direto, "lições autônomas destinadas a aprimorar de maneira explícita a competência social e emocional dos alunos, i
ntegração do ES e currículo acadêmico, como artes do idioma, matemática, estudos sociais ou saúde, até estratégias organizacionais que promovem a ES como uma iniciativa escolar que cria um clima e uma cultura favoráveis à aprendizagem." Site CASEL.

Estas atividades podem ser exemplificadas em situações práticas como:

Promover o uso de habilidades de resolução de conflitos e usar o diálogo para orientar os alunos através das etapas pode ser uma abordagem eficaz para ajudá-los a aplicar uma habilidade em uma nova situação;
Através das reuniões de classe, os alunos podem praticar a tomada de decisões em grupo e estabelecer as regras da sala de aula;
Os alunos podem aprender cooperação e trabalho em equipe através da participação em esportes e jogos em equipe.
Os alunos podem aprofundar a compreensão de um evento atual ou histórico, analisando-o através de um conjunto de perguntas com base em um modelo de resolução de problemas.

Alguns dos exemplos explorados pelo CASEL, não difere muito das praticas já observadas na maioria das escolas, como por exemplo, o trabalho em equipe através da participação em esportes, visto que a Educação Física está presente no currículo escolar. 

A diferença está na intenção do professor. Como conhecedor da ES, o profissional tem a intenção de desenvolver outras competências no aluno além das já exploradas numa aula de educação física normal. Competências como, a importância de trabalhar em equipe, promover habilidades de liderança, formação de estratégias e tomadas de decisões, saber lidar não apenas com a emoção da vitória mas também com a derrota. Desenvolver, nos alunos,  habilidades de gestão de conflitos que podem aparecer durante o jogo passam a ser observadas  e incentivadas para serem desenvolvidas.

Para o CASEL, as abordagens efetivas da ES geralmente incorporam quatro elementos representados pelo acrônimo SAFE:

Seqüenciado: atividades conectadas e coordenadas para promover o desenvolvimento de habilidades.
Ativo: formas de aprendizagem ativas para ajudar os alunos a dominar novas habilidades e atitudes.
Focada: um componente que enfatiza o desenvolvimento de habilidades pessoais e sociais.
Explicito: visando habilidades sociais e emocionais específicas.  (CASEL, 2018)
Promover a ES na escola é trazer para o plano pedagógico competências que em algum momento até seriam contempladas dentro do ambiente escolar, devido a necessidade de convivência.  É fazer com que estas competências passem a ser contempladas,  observadas e incentivadas no ambiente escolar de maneira teórica e metódica. Buscando cada vez mais aprimora-las e difundi-las entre os alunos e a comunidade escolar. Como reflexo disso, a esperança é que formemos cidadãos mais preparados para o convívio e atuação na prática social e profissional. 




Autoras: Eveline Silva           
Diva Valério Novaes

Referências
Site: https://casel.org/what-is-sel/approaches/ acesso:14/03/2018

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Uma Abordagem Transdisciplinar entre a Educação Estatística e a Educação Socioemocional

A Modelagem nas Aulas de Estatística

O Pensamento Estatístico