Educação Estatística


Apesar de estar inserido no currículo de matemática, adquirir noções de Estatística vai muito além da habilidade de se fazer cálculos matemáticos, por exemplo, cálculos de medidas como média, mediana, desvio-padrão entre outros.
A existência de faces mais subjetivas, tais como a escolha da forma de organização dos dados, a interpretação, a reflexão, a análise e a tomada de decisões, fazem com que a Estatística apresente um foco diferenciado ao da Matemática. (CAMPOS; WODEWOTZKI; JACOBINI, 2013. p.13)
            Entender que estatística não se resume a questões ligadas a habilidades de cálculo matemático, levou pesquisadores a um novo campo de estudos chamado Educação Estatística. Nessa perspectiva, o conhecimento deve ser contextualizado com questões reais e de interesse do aluno. Os estudantes devem ser preparados para levantar hipóteses, coletar dados, escolher métodos estatísticos para realizar a análise e refletir sobre estes.

Dessa forma, educadores e pesquisadores têm promovido esforços para mudar o ensino de Estatística em todos os níveis educacionais, procurando incluir novas técnicas de exploração de dados e mais uso de tecnologia. Além disso, as recomendações dos estudiosos sempre apontam para o trabalho com o desenvolvimento de três importantes competências: a literacia estatística, o pensamento estatístico e o raciocínio estatístico. (CAMPOS et al., 2011. p. 477)

Pensando em desenvolver tais competências, é que pesquisadores da área de educação estatística propõem atividades pedagógicas diferentes da que vem sendo aplicado atualmente em salas de aula. Deixar de lado a figura do aluno que recebe o conhecimento, para aquele que, orientado pelo professor, o reconstrua e o mobilize em situações práticas da vida.
Nessa perspectiva, o conhecimento deve ser contextualizado com questões reais e de interesse do aluno. Para que o ensino da estatística possa então ocorrer de fato, é importante que se possibilite ao aluno utilizar as competências estatísticas em problemas vinculados ao mundo real, desafiando-os a fazer a escolha de estratégias para resolver os problemas que lhes são apresentados. Estes conceitos devem ser trabalhados desde os anos iniciais para proporcionar aos estudantes um entendimento mais amplo dos problemas que ocorrem ao seu redor.
Os estudantes devem ser preparados para levantar hipóteses, coletar dados, escolher métodos estatísticos para realizar a análise e refletir sobre estes. O desenvolvimento das competências estatísticas iniciaria com um tema motivador, de interesse e previamente discutido na turma em questão. Sobre o tema, em grupos, se propõe a elaboração de uma pesquisa, dando início a construção das noções de estatísticas a partir da análise dos dados coletados. O intuito é fazer com que estes dados tenham significados, e o envolvimento propicie uma maior disponibilidade do aluno em desenvolver os conceitos propostos.
Entender a problematização proposta e despertar a necessidade de coleta de dados para testar as hipóteses, facilita a compreensão e chama a atenção para a importância e limitações que a estatística possui na interpretação das respostas passando a considerar também incertezas das variações e aleatoriedades.
Dar aos estudantes a oportunidade de produzir os próprios dados e encontrar os resultados básicos ajuda-os a tomar as rédeas do seu próprio aprendizado. Também promove a habilidade de assumir a responsabilidade de resolver seus problemas, como eles terão que fazer em seu ambiente de trabalho. (CAMPOS; WODEWOTZKI; JACOBINI, 2013; p. 25)
                Os princípios da Educação Estatística propõem uma educação afinada com o que consta no Art. 22 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB): formar para a cidadania, preparar para o mundo do trabalho, para o aprendizado permanente e para os estudos posteriores. Tem ainda, contribuições para a formação Interdimensional, como proposto nas diretrizes do programa ensino integral da rede estadual de São Paulo. Consta neste documento que a Educação Interdimensional representa a busca da integração entre as diferentes dimensões constitutivas do ser humano nos processos formativos que ele vivencia na escola.
Autoras: Eveline Silva
Diva Valério Novaes

Referência
CAMPOS, Celso Ribeiro et al. Educação Estatística no Contexto da Educação Crítica. Bolema, Rio Claro, v. 24, n. 39, p.473-494, ago. 2011. Quadrimestral. Disponível em: <http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/bolema/>. Acesso em: 27 maio 2017.

CAMPOS, Celso Ribeiro; WODEWOTZKI, Maria Lucia Lorenzetti; JACOBINI, Otávio Roberto. Educação Estatística: teoria e prática em ambientes de modelagem matemática. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2013. 143 p. (Coleção Tendências em Educação Matemática).

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